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quinta-feira, 30 de setembro de 2021

São Jerônimo, Doutor da Igreja

São Jerônimo, grande Doutor da Igreja Católica, é comemorado hoje, dia trinta de setembro. Devemos a ele a tradução da Bíblia Sagrada para a língua latina. Ele a traduziu dos idiomas grego e hebraico. A partir desta tradução para o latim, a Bíblia então pôde ser traduzida para vários idiomas, e pode-se dizer que a Palavra de Deus iniciou, desde então, a ser difundida. Além disso, foi um homem austero, decidindo-se retirar para o deserto para viver rigorosas penitências, e assim se aproximar mais de Deus.

Para homenagear este grande santo, dono de uma iconografia espetacular, eu trouxe algumas pinturas belíssimas que retratam este santo, desde as gravuras de Albrecth Dürer, até Francisco de Zurbarán.


Antonello da Messina, 1472


Albrecht Altdorfer, 1507



Albrecht Dürer, 1492



Albrecht Dürer, 1496



Antonello da Messina, 1481



Caravaggio, 1606



Caravaggio, 1605



Caravaggio, 1607



El Greco, 1595



Hyeronimus Bosch, 1476-c.1500



Leonardo Da Vinci, 1480



Lorenzo Lotto, 1515



Pinturicchio, 1481



Pinturicchio, 1480



Francisco de Zurbarán, 1640



Francisco de Zurbaran, SD



Espero que apreciem.

sábado, 18 de setembro de 2021

Nossa Senhora das Dores por Hans Memling

 O mês de Setembro, dedicado a Nossa Senhora das Dores, pede uma postagem especial sobre a Virgem Dolorosa. Esta terna mãe que padeceu tantos tormentos, mas sempre de forma tão humilde, que nos faz refletir sobre os nossos sofrimentos, e em como aceitá-los por amor a Nosso Senhor, nosso redentor.

No livro Glórias de Maria, de Santo Afonso de Ligório, há um capítulo todo dedicado a Nossa Senhora das Dores. Vou unir algumas partes deste capítulo, mais especificamente falando sobre as dores de Maria Santíssima, com as pinturas do pintor flamengo Hans Memling, um dos maiores pintores do Renascimento Nórdico, que retratou tão perfeitamente Nossa Senhora das Dores.

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Resumo histórico. Duas vezes no ano lembra-se a Igreja das Dores de Maria Santíssima: na Sexta-feira que antecede ao domingo de Ramos e no dia 15 de setembro. Já antes dessas solenidades vinha o povo cristão consagrando terna lembrança às Dores da Mãe de Deus. No século XIII a tendência geral fixa-se na celebração das Sete Dores. A Ordem dos Servitas, principalmente, fundada em 1240, muito contribuiu para propagar essa devoção. Pois seus membros deviam santificar a si e aos outros pela meditação das Dores de Maria e de seu Filho. Pelos fins do século XV era quase geral no povo cristão o culto compassivo das dores de Maria. Os poetas de vários países consagraram-lhe inúmeras poesias. O hino Stabat Mater dolorosa tem por autor o franciscano Jacopone da Todi (1306). A festa foi primeiramente introduzida pelo Sínodo de Colônia em 1423, sob o título de Comemoração das Angústias e Dores da Bem-aventurada Virgem Maria, para expiação das injúrias cometidas pelos Hussitas contra as imagens sagradas. Propagou-se rapidamente, tomando o nome de festa de Nossa Senhora da Piedade. Em 1725 introduziu-a o papa Bento XII no Estado Pontifício, e em 1727 estendeu-a para a Igreja universal. Mas, porque perdia um pouco de seu valor, por estar na quaresma, Pio VII, em 1804, mandou que fosse celebrada também no terceiro domingo de setembro. Com a reforma do Breviário, por Pio X, veio a festa a ter uma data fixa no dia 15 de setembro (Nota do tradutor).

I. MARIA FOI A RAINHA DOS MÁRTIRES POR CAUSA DA DURAÇÃO E INTENSIDADE DE SUAS DORES * Quem poderia ouvir sem comoção a história mais triste que jamais houve no mundo? Uma nobre e santa senhora tinha um único filho, o mais amável que se possa imaginar. Era inocente, virtuoso e belo. Ternamente retribuía o amor de sua mãe. Nunca lhe havia dado o mínimo desgosto, mas sempre lhe havia testemunhado todo respeito, toda obediência, todo afeto. Nele, por isso, a mãe tinha posto todo o seu amor, aqui na terra. Ora, que aconteceu? Pela inveja de seus inimigos, foi esse filho acusado injustamente. O juiz reconheceu, é verdade, a inocência do acusado e proclamou-a publicamente. Mas, para não desgostar os acusadores, condenou-o a uma morte infame, como lhe haviam pedido. E a pobre mãe, para sua maior pena, teve de ver como aquele tão amante e amado filho lhe era barbaramente arrancado, na flor dos anos. Fizeram-no morrer diante de seus olhos maternos, à força de torturas e esvaído em sangue num patíbulo infamante. Que dizeis, piedoso leitor? Não vos excita à compaixão a história dessa aflita mãe? Já sabeis de quem estou falando? Esse Filho, tão cruelmente suplicado, foi Jesus, nosso amoroso Redentor. E essa Mãe foi a bem-aventurada Virgem Maria, que por nosso amor se resignou a vê-lo sacrificado à justiça divina pela crueldade dos homens. Portanto é digna de nossa piedade e gratidão essa dor imensa que Maria sofre por nosso amor. Mais lhe custou sofrê-la, do que suportar mil mortes. E se não podemos corresponder dignamente a tanto amor, demoremo-nos hoje, ao menos por algum tempo, na consideração de suas acerbíssimas dores. Digo, por isso: Maria é Rainha dos mártires, porque as dores de seu martírio excederam às dos mártires 1° em duração; 2° em intensidade.

Maria é Rainha dos mártires Pois entre todos os martírios foi o seu o mais longo e * também o mais doloroso. Quem lhe poderá medir jamais a extensão? Ao considerar o sofrimento dessa Mãe dolorosa, não sabia Jeremias a quem compará-lo. Pois não exclama: A quem te compararei? Porque é grande como o mar o teu desfalecimento. Quem te remediou? (Lm 2,13). – “Ó Virgem bendita, como a amargura do mar excede todas as amarguras, assim tua dor excede todas as outras dores” – desta forma explica Hugo de S. Vítor o citado texto. Na opinião de Eádmero, a dor de Maria era suficiente para causar-lhe a morte a cada instante, se Deus não lhe tivesse conservado a vida por um singular milagre. E S. Bernardino de Sena chega a dizer que a intensidade de seu sofrimento tão aniquiladora foi, que, dividida por todos os homens, bastaria para fazê-los morrer todos, repentinamente.

Maria recompensa a veneração de suas dores Tão grande amor de Maria bem merece toda a nossa gratidão. Mostremo-la ao menos pela meditação e compaixão de suas dores. Queixou-se, por isso, a Virgem Santíssima a S. Brígida que muito poucos são os que dela se compadecem, sendo que a maior parte dos homens vivem esquecidos de suas aflições. Recomendou-lhe em seguida, com muita insistência, que delas guardasse contínua memória. Quanto é agradável a Maria essa meditação de suas dores podemos deduzi-lo da aparição com que contemplou em 1239 aqueles 7 devotos seus, fundadores da Ordem dos Servitas. Apresentou-se-lhes tendo nas mãos um hábito negro, ordenou-lhes meditassem com frequência e amor em suas dores, e que em memória delas vestissem aquela lúgubre roupeta. O próprio Jesus Cristo revelou a S. Verônica de Binasco que ele mais se agrada em ver meditados os sofrimentos de Maria, que contemplados os seus próprios. Filha, disse o Senhor, caras me são as lágrimas derramadas sobre minha Paixão; mas, como amo imensamente a minha Mãe, ainda me é mais cara a meditação das dores que ela padeceu, vendo-me morrer. Assim é que Jesus prometeu graças extraordinárias aos devotos das dores de Maria. Pelbarto refere-nos a seguinte revelação de S. Isabel a esse respeito. S. João Evangelista, depois da Assunção da Senhora, muito desejava revê-la. Obteve com efeito essa graça e sua Mãe querida apareceu-lhe em companhia de Jesus Cristo. Ouviu em seguida Maria pedir ao Filho algumas graças especiais para os devotos de suas dores, e Jesus prometer quatro principais graças. Ei-las: 1. esses devotos terão a graça de fazer verdadeira penitência por todos os seus pecados, antes da morte; 2. Jesus guardá-los-á em todas as tribulações em que acharem, especialmente na hora da morte; 3. ele lhes imprimirá no coração a memória de sua Paixão, dando-lhes depois um prêmio especial no céu; 4. por fim os deixará nas mãos de sua Mãe para que deles disponha a seu agrado, e lhes obtenha todos e quaisquer favores. Comprovando tudo isso, leia-se o exemplo seguinte que mostra quanto é útil à salvação eterna venerar as dores de Maria.

EXEMPLO 

Lê-se nas Revelações de S. Brígida que havia um senhor tão nobre pelo nascimento como vil e depravado pelos costumes. Fizera pacto expresso com o demônio, a quem havia servido como escravo durante sessenta anos seguidos, sem se aproximar dos sacramentos, e levando a pior vida que se pode imaginar. Ora, estando para morrer esse fidalgo, Jesus Cristo, para usar com ele de misericórdia, ordenou a S. Brígida que pedisse a seu diretor espiritual que o fosse visitar e exortar a confessar-se. O padre foi, mas o doente respondeu que já se tinha confessado muitas vezes, não necessitando mais de confissão. Foi segunda vez, porém o infeliz escravo do inferno obstinou-se na sua impenitência. Jesus de novo disse à Santa que o padre não devia desanimar. Este voltou terceira vez e referiu ao doente a revelação feita à Santa, dizendo-lhe que tinha voltado por ordem do Senhor, o qual queria usar de misericórdia em seu favor. Isto ouvindo, o infeliz começou a enternecer-se e a chorar. Mas como, (exclamou em seguida), poderei ser perdoado? Durante sessenta anos servi ao demônio, e dele me fiz escravo e tenho a alma tão carregada de inúmeros pecados! – Filho, respondeulhe o padre, animando-o, não duvides; se te arrependeres, prometo-te o perdão em nome de Deus. Começando então a ter confiança, disse o infeliz ao confessor: Meu Pai, eu me julgava condenado e desesperava da minha salvação; mas agora sinto uma dor de meus pecados, que me anima a ter confiança. Com efeito, confessou-se no mesmo dia quatro vezes, com muita contrição. No dia seguinte comungou, e morreu seis dias depois, muito contrito e resignado. Depois de sua morte, Jesus Cristo falou de novo a S. Brígida e disse-lhe que aquele pecador se tinha salvado, que estava no purgatório, e devia a salvação à intercessão da Virgem, sua Mãe, pois apesar da vida perversa que levara, tinha conservado a devoção às suas dores, recordando-as sempre com compaixão.

Oração a Nossa Senhora das Dores

Ó minha Mãe dolorosa, Rainha dos mártires e das dores, chorastes tanto vosso Filho, morto por minha salvação; mas de que me servirão vossas lágrimas, se eu me perder? Pelos merecimentos, pois, de vossas dores, impetrai-me uma verdadeira emenda de vida, com uma perpétua e terna compaixão de Jesus e vossas dores. E já que Jesus e vós, sendo inocentes, tanto padecestes por mim, obtende-me que eu, réu do inferno, padeça também alguma coisa por amor de vós. Digo-vos com S. Boaventura:* “Ó minha Senhora, se eu vos magoei, feri e enternecei meu coração, para castigar-me; se eu vos tenho servido, fazei-o então em recompensa disso. Considero uma vergonha me ver sem chagas, quando vós e Jesus estais feridos por meu amor”. Finalmente, ó minha Mãe, ainda um pedido. Pela aflição que sentistes vendo diante de vossos olhos vosso Filho, entre tantos tormentos, inclinar a cabeça e expirar na cruz, suplico-vos que me alcanceis uma boa morte. Ah! não me abandoneis na última hora, ó advogada dos pecadores. Não deixeis de assistir minha alma aflita e combatida, na terrível e inevitável passagem da vida à eternidade. E como é possível que eu perca então a palavra e a voz, para invocar vosso nome e o de Jesus, que sois toda a minha esperança, invoco-vos desde já, a vosso Filho e a vós, pedindo-vos que me socorrais no instante final e dizendo: Jesus e Maria, a vós recomendo a minha alma. Amém.


Agora apreciemos as fabulosas pinturas de Memling:





Espero que apreciem.

Salve Maria e Viva Cristo Rei!

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